CARONTE
Caronte, juntos agora remaremos:
eu com a música, tu com os remos.
Meus pais, meus avós, meus irmãos,
já também vieram, pelas tuas mãos.
Mas eu sempre fui a mais marinheira:
trata-me como tua companheira.
Fala-me das coisas que estão por aqui,
das águas, das névoas, dos peixes, de ti.
Que mundo tão suave ! Que barca tão calma !
Meu corpo não viste: sou alma.
Doce é deixar-se, e ternura o fim
do que se amava. Quem soube de mim ?
Dize: a voz dos homens fala-nos, ainda ?
Não, que antes do meio sua voz é finda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário