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segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

SIMONE


Dei pra revisitar memórias, 
reviver loucuras, 
rearrumar os móveis da casa, 
revisar decisões e aparar arestas. 
Súbito reavivei todos os sentimentos guardados a muito custo. 
Tola, alimentei equívocos emocionais típicos 
de quem acredita demasiadamente em reciprocidade. 
Nada é constante, 
tudo é irremediavelmente mutável. 
Só o que permanece é o que já aconteceu, 
é o que fica na memória que se quer preservar, 
como o retrato de família na parede da sala, da velha casa, 
de uma infância perdida no espaço atemporal e puramente emocional. 
Preciso ultrapassar meus dias, minhas memórias, 
meus temporais interiores. 
Há muitas de mim, aqui no meu peito, 
pouco espaço emocional, e uma infinidade de perspectivas. 
Sonho o imaterial, incorporo o irreal 
e crio a minha verdade: 
há reparos irreparáveis.

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