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terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Petrarca - Rime 195



De dia em dia, mudo rosto e pelo;

mas doce anzol não menos aboquei,

e em visco os ramos verdes não larguei

da árvor que não olha sol ou gelo.



Sem água o mar e o céu sem sete-estrelo 

seja, quando eu não tema ou não anseie

a bela sombra, ou não ame e odeie

a alta chaga amorosa que mal velo.



Não terei nesse afã repouso, até que

me desosse e desnerve e me despolpe,

ou minha imiga tenha compaixão.


E o impossível seja, antes que seque

a morte, ou ela, em seu olhar, o golpe

que Amor já me assestou ao coração.

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