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segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Murilo Moreira Veras



SERMÃO  DE  BRASÍLIA

 

                                    Murilo Moreira Veras

 

 

Governantes e governados,

vós que tendes fome e sede de justiça

— Ouvi-nos.

Por que na política de hoje

buscais nos atos e  fatos

a sentença de dois pesos 

e duas medidas,

quando o equânime é a garantia do perfeito 

equilíbrio da razão?

Não sabeis que a bondade, a sinceridade

devam ser perenes em vossos passos?

Que é com sabedoria que separamos o joio do trigo?

Que deveis misericórdia nas cortes de julgamentos?

Grandes e poderosos são os que apregoam

a ousadia da força — falaciosos e energúmenos

também o fazem.

Aplaudi os que na audácia das ações sabem perdoar,

da humildade se valer.

Em vez da vingança, da fúria,

a singeleza do poder.

Gesto de humildade não significa o arrego vil, 

fraqueza de caráter.

Ao contrário, é ato de grandeza, bravura interior.

Lembrai-vos do Sermão da Montanha em que o 

Mestre da Galileia nos ensina:

Bem-aventurados os misericordiosos, porque 

alcançarão a misericórdia.

Por que recorrer à força da razão em vez da 

razão da força, à medida do juízo em vez da 

fúria das paixões?

“O coração do sábio — reza o Eclesiastes —

está à sua direita; o coração do insensato 

à sua esquerda.

O que julgais ser fraqueza na luta, retroceder 

simboliza bom senso, trégua de esperança,

O lutador nem sempre é o vingador, mas o

mediador sensato na refrega.

A política é à busca da justa polis, dir-vos-ei,

 

senhores da guerra.

Vence na vida, quem vence o medo e a morte.

Caminhai sempre para frente e a confiança vos

acompanhará”

Urge que penseis o que é ser justo neste rincão de

dores e sofreres.

Tristeza nunca é o melhor caminho à vereda da salvação

— um gesto de brandura vale mais que a fúria da 

paixão.

A imperfeição não se exime na mais lídima das perfeições.

A fúria suaviza-se com a compaixão, a emoção mesmo

desabrida, com a compreensão.

Reinar é governar a polis, saber servir sobretudo,

não significa leniência, covardia, traição.

Governar é conduzir com sapiência  

contradita dos contrários às lides conjunturais.

Gerir os adversos — a sabedoria do sábio Rei.

Ó juízes dos códices, e dos acórdãos,

acaso vestis a manta dos fariseus dos templos

esquecestes que a ética e  a moral suavizam

a rigidez do código de Hamurabi?

Dizei Ecce Homo — este é o homem das incertezas

e desenganos.

Eu vos direi, à voz da razão.

É um homem, um simples viajor do tempo

que ousou tomar as rédeas deste ainda efêmero evoluir 

de nossas plagas verde-amarelas.

Com seus debacles, sofridos e havidos

erráticos rivais dificultam-lhe os passos, devido 

o fanatismo ideológico, os compadrios.

Ecce Homo — sim, mas capaz de gesto de grandeza, magnânimo,

como foi este: Paz em benefício da Nação!

                                                                    Bsb, 12.09.21  

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