O PASSARINHO PRESO (2/2)
Em ofensa das deidades,
Em nosso dano abusais
Da primazia, que tendes
Entre os outros animais.
Mas ah triste ! Ah malfadado !
Para que me queixo em vão ?
Que espero, se contra a forca
De nada serve a razão ? "
aqui parou de cansado
O volátil carpidor ;
Eis que vê chegar da caca
O seu bárbaro senhor.
Trazia encostado ao ombro
O arcabuz fatal, e horrendo,
E alguns pássaros no cinto,
Uns mortos, outros morrendo.
Das penetrantes feridas
Ainda o sangue pingava,
E do cruento verdugo
As curtas vestes manchava.
O preso vendo a tragédia ,
Coitadinho estremeceu,
E de susto, e de piedade
Quase os sentidos perdeu.
Mas apenas do soçobro
Repentino a si tornou,
Cos olhos nos seus finados
Estas palavras soltou :
" Entendi que dos viventes
Eu era o mais infeliz :
Que outros tem pior destino
Aquele exemplo me diz.
Da minha sorte j'agora
Queixas não torno a fazer :
Antes gaiola que um tiro,
Antes penar que morrer. "
Você escolheu um autor excelente! Um abraço, Yayá.
ResponderExcluirVocê escolheu um autor excelente! Um abraço, Yayá.
ResponderExcluirNossa! Que bonito,obrigado por compartilhar Marco!
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