A CAMA DESFEITA
A arrumadeira entrou no quarto apos a partida dos hospedes
e contemplou a cama desfeita: os lencois amarfanhados
indicavam em seu desalinho a passagem do amor
que é sempre desordem e impaciência.
No travesseiro dobrado uma cabeça deixara
alguns fios de cabelo e uma concavidade de concha marinha.
Ela abriu as janelas. E o vento da manha
vindo das florestas e montanhas apagou os vestígios
de uma noite condenada ao olvido,
como todas as noites em que um homem e uma mulher se deitam
numa cama estrangeira que tem algo de nupcial
e de batalha perdida.
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