Pedrinha no rim e a Memória da Dor
Três e meia da madrugada desta quarta-feira. Abro repentinamente os olhos e a memória da dor lombar ressurge de imediato em meu cérebro. Nunca fui operado, não sofri fraturas, a saúde sempre foi minha aliada, reflito, como consolo e encorajamento. Respiro fundo e no escuro calculo o que fazer.
Pelos menos o carro está na garagem, revisado pelo anjo disfarçado de mecânico que veio morar bem na esquina de minha rua. Se for preciso, posso dirigir até a UPA mais próxima para reabastecer minhas veias com o milagroso buscopan.
Por que as pedras resolvem rolar justamente nesses silenciosos horários de solidão noturna?, questiono, enquanto tateio paredes até o banheiro.
O tempo passa e testemunha minhas andanças pela casa para aliviar a dor crescente. Cinco e meia ela se torna insuportável. Dirigir, impossível. O taxista percebe minha aflição durante a ligação para o ponto e em cinco minutos estaciona em meu portão.
Em zique-zague ultrapassa os poucos carros que trafegam pela José Cândido da Silveira. Atinge a Cristiano Machado ainda relativamente tranquila. Quando noto, já estou sendo despejado na recepção da Unidade de Pronto Atendimento.
Carteira de identidade mostrada, a auxiliar de enfermagem prepara uma injeção enquanto estico o meu braço esquerdo com uma expressão de alívio.
Pouco depois o paraíso chega, diluído no soro transparente que pinga dentro de mim, pendurado em um tripé metálico bem ao meu lado. Recebo alta cerca de uma hora depois.
Volto para casa de ônibus, mas pisando em nuvens. Sou recebido em festa por cães e gatos loucos de saudades e também por ração.
A vida é assim mesmo.
Três e meia da madrugada desta quarta-feira. Abro repentinamente os olhos e a memória da dor lombar ressurge de imediato em meu cérebro. Nunca fui operado, não sofri fraturas, a saúde sempre foi minha aliada, reflito, como consolo e encorajamento. Respiro fundo e no escuro calculo o que fazer.
Pelos menos o carro está na garagem, revisado pelo anjo disfarçado de mecânico que veio morar bem na esquina de minha rua. Se for preciso, posso dirigir até a UPA mais próxima para reabastecer minhas veias com o milagroso buscopan.
Por que as pedras resolvem rolar justamente nesses silenciosos horários de solidão noturna?, questiono, enquanto tateio paredes até o banheiro.
O tempo passa e testemunha minhas andanças pela casa para aliviar a dor crescente. Cinco e meia ela se torna insuportável. Dirigir, impossível. O taxista percebe minha aflição durante a ligação para o ponto e em cinco minutos estaciona em meu portão.
Em zique-zague ultrapassa os poucos carros que trafegam pela José Cândido da Silveira. Atinge a Cristiano Machado ainda relativamente tranquila. Quando noto, já estou sendo despejado na recepção da Unidade de Pronto Atendimento.
Carteira de identidade mostrada, a auxiliar de enfermagem prepara uma injeção enquanto estico o meu braço esquerdo com uma expressão de alívio.
Pouco depois o paraíso chega, diluído no soro transparente que pinga dentro de mim, pendurado em um tripé metálico bem ao meu lado. Recebo alta cerca de uma hora depois.
Volto para casa de ônibus, mas pisando em nuvens. Sou recebido em festa por cães e gatos loucos de saudades e também por ração.
A vida é assim mesmo.
Tem sempre uma pedra no caminho.
Só não pode nos derrubar.
A dor ?
Nem lembro mais.
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