OS REIS
Aquele rei de aspecto
Terrível, com seu cetro
E seu andar de espectro.
Aquele rei cativo,
Vencido, mas altivo,
De chacotas motivo.
Aquele rei morrendo
Na luta, o rosto horrendo,
Seu cavalo correndo...
Aquele rei banido,
Com o passado no ouvido
Qual do mar o bramido.
Aquele rei augusto
Que, alteando o largo busto,
Mostra ser forte e justo.
Aquele rei prudente,
Com os fortes, complacente,
Com os fracos, inclemente.
Aquele rei devasso
Folgando no terraço
Entre as damas do paço.
Aquele rei velhaco,
Surdo, de olhar opaco,
Que junta ouro num saco.
Aquele rei decrépito,
De bruxedos adepto,
Astuto mas inepto.
Aquele rei demente
Que olha traiçoeiramente
E sorri com um só dente.
Aquele rei profeta
Que insulta, ameaça, inquieta
A turba analfabeta.
Os reis e sua glória,
De quem se escreve a história
Para eterna memória.
Dentro ou fora da lei,
Bom ou mau, rei é rei
E eu sempre os respeitei.
Mas o rei principal,
Personagem fatal
Deste mundo teatral,
É aquele Rei dos Reis
Que igual a Deus se fez.
Mas humano, talvez.
ISBN 85-74-400-778
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dante_Milano
26 XII 2013
ResponderExcluir