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quarta-feira, 9 de maio de 2012

ROBERTA MATTOSO (1/2)





O sempre, o nunca e o infinito(1/2)
Depois de muito pensar, cheguei à conclusão de que três palavras na nossa língua portuguesa não existem de fato: o sempre, o nunca e o infinito.
Aprendi depois de muitas bebedeiras com amigos, depois de muitos risos, muitas lágrimas, muitas decepções, muitas conversas filosóficas e existenciais sentada num meio-fio do subúrbio carioca ou num pé sujo na Lapa em plena sexta-feira, dia que todo pobre mortal tira pra se encontrar com os amigos de guerra e despejar sobre as mesas, sobre as garrafas e latinhas todo o cotidiano vivido durante a semana, que o ser humano é um bicho em constante evolução. Em constante mesmo.
Certamente não sou a mesma pessoa que era há dez anos atrás. Pra falar a verdade, acho que não sou a mesma nem de meia hora antes, mas isso fica pra uma outra história (...) O que sei é que a cada movimento de inspiração que faço, ao mesmo tempo inspiro aprendizagens que me serão úteis até o fim do meu legado e que cada expiração que expulso corpo afora gera nas pessoas que me cercam aprendizagens para si próprias que também serão úteis em suas respectivas jornadas.
É a partir daí que começo o questionamento dessas três palavrinhas intrigantes.
Comecemos pelo sempre. O sempre dá uma idéia de eternidade, o que se pararmos para refletir por um instante, concluiremos que nada na vida é eterno (não paremos para refletir sobre o lado espiritual, s’il vous plaît). O que podemos garantir usando a palavra sempre? Na verdade, o que dura para sempre? Quem dura para sempre? O sempre traz a sensação do inerte, do imutável e sinceramente, o que nessa louca vida em que fomos jogados espírito adentro é inerte, é estático? O sempre me vem na mente como o impossível de ser prometido, o impossível de ser realizado. O sempre significa a jura de amor feita ao primeiro grande amor, prometendo o nosso coração até o fenecimento. O sempre é a promessa que fizemos na hora da virada de que iremos freqüentar a academia cinco vezes por semana, de que seremos mais corajosos, mais espontâneos, mais alegres, mais dedicados com o trabalho, com a família e com os demais relacionamentos. O sempre tem um gosto de amor platônico: somos loucamente apaixonados por uma idéia impossível de ser concretizada.






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@modernalapa

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