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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN (1919-2004)



"Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma


E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos


Ficam para além do tempo

Como se a maré nunca as levasse

Da praia onde foram felizes




Há mulheres que trazem o mar nos olhos

pela grandeza da imensidão da alma

pelo infinito modo como abarcam as coisas e os homens...

Há mulheres que são maré em noites de tardes...

e calma"


Sophia de Mello Breyner Andresen, 
O mar dos meus olhos - Porto, 1919 / Lisboa, 2004

quarta-feira, 22 de junho de 2016

FERNANDO PESSOA (1888 -1935)



Basta pensar  em sentir
Para sentir em pensar
Meu coração faz sorrir
Meu coração a chorar.
Depois de parar e andar
Depois de ficar e ir,
Hei de ser quem vai chegar
Para ser quem quer partir ...

Viver é não conseguir.




Fernando Pessoa
14. VI . 1932
pag 142
Edição Alemã
S.Fischer Verlag  

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Fernando Pessoa



A morte é a curva da estrada,
Morrer é só não ser visto.
Se escuto, eu te oiço a passada
Existir como eu existo.

A terra é feita de céu.
A mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é verdade e caminho.

23-V-1932
Fernando Pessoa
Pág 138

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Fernando Pessoa (1888-1935)



" Und das Ungenaue, das einlullt, ist immer besser als das Genaue, das genügt,

Denn was genügt, endet, wo es genügt, und wo es endet, genügt es nicht ... "


" E é sempre melhor o impreciso que embala do que o certo que basta,

Porque o que basta acaba onde basta, e onde acaba não basta ... "



Fernando Pessoa
Das weiße Haus schwarze Schiff
A Casa branca nau preta
Übersetzt Inés Koebel

domingo, 12 de abril de 2015

GONÇALO IVO BY VALTER HUGO MÃE

Photo by MC


CROMATISMO  PÚBLICO PORTUGAL 12/04/2015

Por vezes imagino que nos salvamos de toda a matéria e viramos apenas identidades que habitam a cor. A cor é um substantivo da matéria. Tenho sempre a impressão de que se rebela contra adjectivá-la e se torna tudo, como um ser que espera. As cores esperam. Enquanto lemos a luz, a cor torna-se alguém. Sabe coisas e é alguém. Um dia, desintegrados, talvez sejamos esplendorosa e unicamente participações na luz.
A pintura de Gonçalo Ivo é mais do que um estudo da cor, é uma escola para a cor. Ali, ela aprende. Amadurece, como animal efectivamente caçado, que não pode mais deixar de assumir sua evidência no mundo. Cada tela é uma classe, feita de superior mestria, onde a luz incide para se adorar já não enquanto acaso mas enquanto inteligência. É esta a diferença entre a cor por consciência e a casual. O trabalho de Gonçalo Ivo, cientista desta arte, é um modo de revelação, não enquanto delirante tentativa mas exactamente enquanto pronúncia de sábio que chega cada vez mais perto do que não se podia ver. As suas telas existem como provas de um gesto de luz semelhante ao gesto de deus. A luz sabe o que faz. Nas telas de Gonçalo Ivo a luz aprende a fazer.

O trabalho de Gonçalo Ivo pode ser a negação total da matéria para que a alma de cada coisa se liberte apenas no comportamento da luz
A arte deixa cair o figurativo porque a realidade exposta já não é suficiente, talvez nunca o haja sido e a insatisfação dos artistas esteve sempre comprovada, até tragicamente. A libertação da arte em relação à obrigação de representar, ou de apresentar cabalmente o seu significante, é fundamental para adentrar um espaço mental, que não deixa de ser também uma dimensão da realidade, caracterizado por uma imprecisa questão para uma ainda mais imprecisa resposta. Chegar à questão é o desafio, obter alguma resposta é a absoluta improbabilidade. O trabalho de Gonçalo Ivo pode ser a negação total da matéria para que a alma de cada coisa se liberte apenas no comportamento da luz. Neste sentido, faz-me sentir como a espiritualidade de tudo. Uma espiritualidade bastante que advém exclusivamente do poder da arte. Salvas da sua contingência material, todas as coisas se apresentam como atributos apenas mentalmente consideráveis, que é modo racional, pragmático, para se referir questões de alma. Gosto de pensar que as telas de Gonçalo Ivo são o despido dos corpos, corpos nenhuns, porque ainda assim se manifestam de modo fremente, o que comprova a sua intensa existência, como intensas podem existir outras realidades também insondáveis. Aquém da transcendência, muitas coisas são suficientemente transcendentes, vulgo, coisas da arte.
Aludindo à ideia de despir matéria, a pintura de Gonçalo Ivo lembra tecidos, isso que as manualidades inventaram para protecção e adorno e que se faz do intrincado de fios ínfimos. A ideia de intrincado interessa-me. Ainda que nos deparemos com a impressão de uma limpeza tremenda, o rigor da pintura de Ivo é uma forma de virtuosa ourivesaria da cor. Igual a facetar um diamante, o ofício deste pintor é o de depuração do comportamento da luz. Sim, como dizia, as suas telas são escolas para a cor. Ela, ali, aprende.
O belo poeta Martin Lopez-Vega (no perfeitíssimo catálogo Contemplaciones, editado em Espanha pela Papeles Mínimos) diz que nas telas de Gonçalo Ivo, profundamente planas, não há relevo, apenas geografia. Gosto muito. Tudo passa a ser sobretudo um lugar, como se pudéssemos efectivamente entrar num espaço sem, contudo, nada se definir por inteiro. Somos acolhidos, mas o que nos acolhe é a pura liberdade. Se as suas telas fossem tecidos, estaríamos sob eles ainda que o acto de observar nos crie a sensação de permanecermos sobre ou diante das coisas. Na arte, e porque é uma transcendência específica, o dentro e o fora, o cima e o baixo, podem simplesmente ser predicados inutilizados. Na arte, e porque provavelmente é a única transcendência existente, o dentro e o fora, o cima e o baixo, podem simplesmente ser predicados inutilizados. Tudo no trabalho de Gonçalo Ivo o explica. Essa convicção de que, na geografia, existe afinal caminho para o lado de lá da matéria, como aferição de uma alma, como passeio pela luz, colhendo cores igual a quem colhe um ramo generoso de rosas. Amo rosas.     

sábado, 28 de fevereiro de 2015

MARQUESA DE ALORNA (1750-1839)


" Chave mágica, sublime,
Que me vais tu descobrir ?
Se é menos do que eu desejo
Será melhor não abrir ... "

Marquesa de Alorna (1750-1839)



quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

ALVARO DE CAMPOS



Há sem dúvida quem ame o infinito, 

Há sem dúvida quem deseje o impossível,



Há sem dúvida quem não queira nada
Três tipos de idealistas,
e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito, 

Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais,
se puder ser, 

Ou até se não puder ser...




domingo, 28 de dezembro de 2014

Dulce Pontes - Cancao do Mar



Fui bailar no meu batel
Além do mar cruel
E o mar bramindo
Diz que eu fui roubar
A luz sem par
Do teu olhar tão lindo
Vem saber se o mar terá razão
Vem cá ver bailar meu coração
Se eu bailar no meu batel
Não vou ao mar cruel
E nem lhe digo aonde eu fui cantar
Sorrir, bailar, viver, sonhar contigo
Vem saber se o mar terá razão
Vem cá ver bailar meu coração
Se eu bailar no meu batel
Não vou ao mar cruel
E nem lhe digo aonde eu fui cantar
Sorrir, bailar, viver, sonhar contigo

Canção do Mar - Dulce Pontes (legendado)


Fui bailar no meu batel
Além do mar cruel
E o mar bramindo
Diz que eu fui roubar
A luz sem par
Do teu olhar tão lindo

Vem saber se o mar terá razão
Vem cá ver bailar meu coração

Se eu bailar no meu batel
Não vou ao mar cruel
E nem lhe digo aonde eu fui cantar
Sorrir, bailar, viver, sonhar contigo

Vem saber se o mar terá razão
Vem cá ver bailar meu coração

Se eu bailar no meu batel
Não vou ao mar cruel
E nem lhe digo aonde eu fui cantar
Sorrir, bailar, viver, sonhar contigo

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

MANUEL ALEGRE




O PRIMEIRO POEMA DE SÃO CAETANO

E disse Raul Brandão
"o melhor de uma ilha
é a ilha em frente".
Mas não.
O melhor de uma ilha
é a ilha ausente.
Aquela talvez
sequer exista.
E é a que vês
sem ser vista.


Do Livro:
Escrito no Mar
pág 672, Obra Completa
Publicações Dom Quixote

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Carlos do Carmo em 28-XI-2014



Carlos do Carmo tornou-se o primeiro português a ganhar um Grammy e logo numa das categorias mais consideradas, o "Lifetime Achievement", entregue apenas aos artistas pelo conjunto da obra que produziram ao longo da sua carreira e não devido ao êxito que lograram com determinada canção ou álbum.
O fadista português foi ontem informado pelo próprio presidente da Latin Recording Academy,  Gabriel Abaroa Jr., que havia vencido o Grammy, tornando-se assim no primeiro português a conquistar um galardão que também já foi entregue a Frank Sinatra, Ella Fitzgerald, Elvis Presley, Miles Davis, Bob Dylan, Billie Holiday, James Brown, Tom Jobim, David Bowie, Leonard Cohen, Johnny Cash ou, já este ano, Kraftwerk, Ney Matogrosso e Los Lobos.
O Grammy é considerado o maior e mais prestigiado prémio da indústria discográfica, estando previsto que o troféu seja entregue a Carlos do Carmo no próximo dia 19 de novembro deste ano, no Hollywood Theater da MGM, em Las Vegas, Estados Unidos da América. Nesse mesmo mês estreará em Portugal um filme documental sobre a vida e a obra de Carlos do Carmo realizado por Ivan Dias.


Ler mais: http://expresso.sapo.pt/carlos-do-carmo-e-o-primeiro-portugues-a-conquistar-um-grammy=f878643#ixzz3KJiGOuXP

terça-feira, 18 de novembro de 2014

ALBANO MARTINS



A vida
- essa invenção magnífica
da morte.


pág 44 do livro :
Assim são as Algas
Poesia 1950-2000
Campo das Letras Editora

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

ALBANO MARTINS



Conheci-te de noite: 
por isso te chamo estrela.

Conheci-te de dia: 
por isso te chamo claridade.

Conheci-te em todas as horas: 
por isso te chamo eternidade.



pág 31 do livro:
Assim são as Algas
Poesia 1950-2000
Campo das Letras Editora 

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

" JULIA AND THE BALLOONS"



Now available on the
iBookstore
in 4 languages
Portuguese
English
Chinese
Norwegian

If you want in a 
different idiom, 
please suggest us !!!



sexta-feira, 31 de outubro de 2014

MANUEL ALEGRE


M

Às vezes parece música 
Vai-se a ouvir: é o M.

Às vezes parece o M
Vai-se a ver: é o mar.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Cristiana


O Outono

aguardava-o
no silêncio da tarde
a última a tocar o verão

quando chegou
sorria
o eu que habito

inevitavelmente
ajoelhei
e pela sua mão 
permiti-me entrar

bela a nossa comunhão
ele resplandecente
eu inteira
seguindo juntos


Cristiana
(Alcobaça, 22 setembro de 2013)

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Mia Couto (Moçambique)


Tal como rosas, algumas frases que selecionei do livro de contos: " Estórias abensonhadas "
do Escritor Mia Couto, Editorial Caminho

1. O sempre lhe era pouco e o tudo insuficiente. Dizia, deste modo :
- Tenho que viver já, senão esqueço-me. (Pág.23)

2. Lugar de ave é nas alturas. (Pág.24)

3. Diamantino, nesse repente, mudou de alvorada para o poente. (Pág.32)

4. Numa palavra: chocado e chocalhado. (Pág.32)

5. Ananias. Depois, se derreou, infeliz como a casca sem a banana. (Pág.33)

6. Lembrou as palavras de sua mãe: mulher preta livre é a que sabe o que fazer com o seu próprio cabelo. (Pág.36)

7. Hortência ensaiou matematicar sua vida. 
Mas não havia conta que fazer. (Pág.45)

8. - Mas, Tia Tristereza: não será está chover de mais?
De mais ? E me explica: a água sabe quantos grãos tem a areia. Para cada grão ela faz uma gota. (Pág.48)