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terça-feira, 29 de setembro de 2020

Antonio Machado



Tutto passa e tutto resta,
però il nostro è passare,
passare facendo sentieri,
sentieri sul mare.

Mai cercai la gloria,
né di lasciare alla memoria
degli uomini il mio canto,
io amo i mondi sottili,
lievi e gentili,
come bolle di sapone.

Mi piace vederle dipingersi
di sole e scarlatto, volare
sotto il cielo azzurro, tremare
improvvisamente e disintegrarsi…
Mai cercai la gloria.

Viandante, sono le tue orme
il sentiero e niente più;
viandante, non esiste il sentiero,
il sentiero si fa camminando.

Camminando si fa il sentiero
e girando indietro lo sguardo
si vede il sentiero che mai più
si tornerà a calpestare.

Viandante non esiste il sentiero,
ma solamente scie nel mare…
Un tempo in questo luogo dove
ora i boschi si vestono di spine,
si udì la voce di un poeta gridare
“Viandante non esiste il sentiero,
il sentiero si fa camminando…”

Colpo a colpo, verso dopo verso…

Il poeta morì lontano dal focolare.
Lo copre la polvere di un paese vicino.
Allontanandosi lo videro piangere.
“Viandante non esiste il sentiero,
il sentiero si fa camminando…”

Colpo a colpo verso dopo verso…

Quando il cardellino non può cantare.
Quando il poeta è un pellegrino,
quando non serve a nulla pregare.
“Viandante non esiste il sentiero,
il sentiero si fa camminando…”

Colpo a colpo, verso dopo verso.

Antonio Machado

* * *

Todo pasa y todo queda
pero lo nuestro es pasar,
pasar haciendo caminos,
caminos sobre la mar.

Nunca perseguí la gloria,
ni dejar en la memoria
de los hombres mi canción;
yo amo los mundos sutiles,
ingrávidos y gentiles
como pompas de jabón.

Me gusta verlos pintarse de sol y grana,
volar bajo el cielo azul,
temblar súbitamente y quebrarse…
Nunca perseguí la gloria.

Caminante son tus huellas el camino y nada más;
caminante, no hay camino se hace camino al andar.

Al andar se hace camino
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino sino estelas en la mar…

Hace algún tiempo en ese lugar
donde hoy los bosques se visten de espinos
se oyó la voz de un poeta gritar
Caminante no hay camino, se hace camino al andar…

Golpe a golpe, verso a verso…
Murió el poeta lejos del hogar
le cubre el polvo de un país vecino.
Al alejarse, le vieron llorar.
“Caminante, no hay camino, se hace camino al andar…”

Golpe a golpe, verso a verso…
Cuando el jilguero no puede cantar
cuando el poeta es un peregrino,
cuando de nada nos sirve rezar.
Caminante no hay camino, se hace camino al andar.

Golpe a golpe, verso a verso.

Antonio Machado

* * *

Everything goes and everything stays
but our fate is to pass
to pass making a path as we go,
paths over the sea,

I never pursued glory,
or to leave on the memory
of the men,this my song:
I love the subtle worlds,
weightless and gentle
like soap bubbles.

I like to see them paint themselves on sun and crimson,
fly under a blue sky
shudder suddenly, and break…
I never pursued glory.

Traveler , your footprints are the path, and nothing else.
Traveler, there is no path. A path is made by walking.

A path is made by walking,
and in looking back one sees
the trodden road that never
will be set foot on again.
Traveler, there is no path, but wakes on the sea…

Some time ago on that place
where today the woods dress in brambles
the voice of a poet was heard shouting
¨Traveler, there is no path. A path is made by walking”.

Blow by blow, verse by verse…
The poet died far from home
and is covered by the dust of a neighboring country.
As he went away, he could be heard crying,
“Traveler, there is no path. A path is made by walking”.

Blow by blow, verse by verse…
When the robin can no longer sing,
when the poet is a pilgrim,
when praying is no more of use.
Traveler, there is no path. A path is made by walking.

Blow by blow, verse by verse.

Antonio Machado

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Antônio da Silva Mello (1886-1973)




AS QUALIDADES INSTINTIVAS DO NEGRO, SOB O PONTO DE VISTA ARTÍSTICO E EMOCIONAL


Sabemos que os pretos têm muito da criança pela candura, pela espontaneidade, que se revela tanto na sua capacidade para admirar e imitar, quanto para desconhecer os verdadeiros perigos, enchendo-se de terror diante dos imaginários. Já tem sido afirmado que o preto, no fundo, representa um tipo dionisíaco, sendo mais emotivo, mais sensual, mais instintivo, mais telúrico. Ele se encontra mais perto das forças cósmicas primordiais e, por isso, também mais afastado das questões intelectuais, das lucubrações dialéticas, do trabalho cerebral mais consciente. Os negros se movem mais pelo sentimento e a emoção, deixam perceber melhor as profundezas do inconsciente, esse inconsciente pré-lógico que tem sido recalcado pelos séculos e sofrido a poderosa influência da civilização, civilização mais intelectual, que tem muito de cerebrina, de artificial, de contrária à verdadeira vida instintiva. Se, levados pela inteligência, atravessamos assim uma barreira, alcançamos outro lado, penetramos noutra região, não há dúvida que sentimos com frequência aquela nostalgia que vem das profundezas da alma e talvez nada mais traduza do que conflitos criados dentro da nossa natureza, conflitos, portanto, estritamente humanos e que podem ser causa de nossa infelicidade, mesmo de algumas das nossas enfermidades.

Não outro senão o célebre racista Gobineau afirmou que a fonte das artes está oculta no sangue dos negros, cujas aptidões podem exceder as do homem branco. “Onde há mais sangue preto, aí, disse ele, brota a poesia lírica, a imaginação desenfreada, a sensação dominante da vida.” Frobenius, sábio alemão, disse que os pretos têm mais humanidade nas suas fábulas, que os seus contos são carne viva, enquanto os nossos, para eles, não passam de ossos sem carne. Por isso, não é de admirar que se identifiquem com qualquer povo até o excedendo no que possa ter de mais profundo e instintivo. Já tem sido chamada a atenção para o fato de Púshkin, de ascendência negra, ser mais russo, traduzir melhor as tendências desse povo do que qualquer outro dos seus escritores. Alexandre Dumas foi caracteristicamente francês, francês no que esse povo tem de mais autenticamente francês. O mesmo aconteceu com Coleridge Taylor, homem de cor, que encontrou na música o que ela apresenta de mais assinaladamente inglês. Gilberto Freyre insistiu em tais aproximações, mostrando que ninguém melhor do que Gonçalves Dias, na sua “Canção do exílio’, soube cantar a saudade da pátria e que a poesia de Jorge de Lima é o verbo que se fez carne, carne mestiça. Ele mostra a tremenda superioridade artística do negro brasileiro, graças à sua ternura, ao seu instinto, à sua bondade, enquanto, do lado do preto norte-americano, é a criação poética e talvez a musical crispada, agressiva, quase uma reação de defesa. Não é certamente por outra razão que quase todas as canções negras de grande sucesso nos Estados Unidos são obra de brancos, como as do admirável Stephen Foster, comparável e comparado a Schubert pela sua extraordinária riqueza melódica, autor de mais de 20 canções entre as 200 mais célebres do país. Como Verlaine e Poe, Foster acabou na bebida, aos 38 anos de idade, na mais extrema miséria. Não foi senão depois de morto que a sua obra se tornou célebre e passou a render milhões, não para ele... O que é preciso ser posto em evidência é que o subconsciente, em última análise, tem mais força e comanda, razão pela qual também o sexo é mais poderoso que as leis e as convenções. A própria reação contra os pretos, tão exagerada e absurda, é prova de que deve basear-se em motivações desse gênero.

Muito interessante, nesse sentido, é o aparecimento da escultura africana em tempos recentes. Os bronzes de Benim, conhecidos desde 1700, são dos mais extraordinários que existem, havendo diversas publicações sobre essa escultura, da qual Picasso, Braque e Vlaminck se tornaram colecionadores. A exposição realizada em Paris em 1919 despertou grande interesse e, em Nova York, encontra-se a Galeria Segy, a única do mundo que se dedica exclusivamente à arte africana. Digno de nota é o fato dessa escultura não ser visual, não copiar a natureza, sim procurar exprimi-la conceitualmente, numa expressão abstrata que a simplifica, distorce, decompõe, como fizeram os cubistas e impressionistas, dos quais representam precursores multisseculares. Também do lado da música, mormente do lado da música, é o seu sentimento extraordinário, principalmente em relação ao ritmo, no qual o negro se tem revelado inexcedível, manifestação que deve estar de acordo com o seu temperamento mais íntimo e as leis mais profundas da natureza. Hoje, começa-se a reconhecer que os pretos estão sendo corrompidos pela civilização, sobretudo pela influência do dólar e do turismo, que têm artificializado todos os elementos da sua arte. O seu ritmo é tão prodigioso, que qualquer observador, mesmo medíocre, pode dar-se conta do seu poder. Eles vibram com os instrumentos quase como se fossem estes partes do seu corpo. Os próprios garçons servem no passo cadenciado da música, executando movimentos rítmicos, não raro até acrobáticos para acompanhar a orquestra. É essencialmente pelo ritmo que eles dominam na música, pelo ritmo que é o componente mais profundo e valioso dessa arte. A harmonia é um elemento mais superficial, menos natural, fácil de se obter pelo estudo e a aprendizagem, fácil também de se sofisticar. A melodia, por sua vez, é mais questão de hábito, de moda, que varia com as convenções. Por outro lado a emoção musical corresponde a qualquer coisa de especial, não pode ser expressa por palavras, possui uma significação própria, podendo-se senti-la e gozá-la sem se pensar em coisa alguma, instintivamente. O ritmo é a força principal da música, o motivo capital do seu sucesso, decorrente certamente de um mecanismo biológico especial, que deve fazer parte da própria substância viva, embora deixe de existir em certos indivíduos. A superioridade do negro nesse particular é espantosa, como tem sido reconhecido por todos que se ocupam da questão, tão espantosa que se tem afirmado não existirem bailarinos negros medíocres. 


Estudos sobre o negro, 1958


Antônio da Silva Mello

(1886-1973)

sábado, 19 de setembro de 2020

Apenas três semanas ...



Apenas Três Semanas 
Separam ele ... dela ...
Raríssimas vezes foi assim ...
e eles sabem disso.

Mesmo demorando...
O dia chega ...
Assim nos ensinam ..
e eles assim acreditam ...

Esperar o Amor Verdadeiro,
vale qualquer sacrifício ...

Se escolhermos o caminho das dúvidas,
jamais encontraremos as certezas ...

Mas eles ainda não escolheram 
nenhum caminho ...

Aprenderam com Antonio Machado :

“Caminante no hay camino,

se hace camino al andar…”

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Felicidade


Water’s Edge” by James Casebere


Então ...
Vamos ser Feliz ?

O que precisa ser feito ?

1. Não perturbar ninguém.

2. Aprender a respeitar os outros.

3. Olhar para o céu, e tentar enxergar além das nuvens cinzentas, para quem sabe, encontrá-las brancas de Paz !

4. Ser Paciente !

5. Conhecer os limites materiais do nosso bolso.

6. Saber agradecer a si mesmo, aos outros e a Deus !!!

7. Se puder, sofrer um pouquinho ...

8. E não esquecer nunca de sorrir, pois tudo é aprendizado!!!

terça-feira, 1 de setembro de 2020

William Blake






The Tiger

William Blake



Tiger, tiger, burning bright,

In the forest of the night,

What immortal hand or eye

Could frame thy fearful symmetry?


In what distant deeps or skies

Burnt the fire of thine eyes?

On what wings dare he aspire?

What the hand dare seize the fire?


And what shoulder, and what art,

Could twist the sinews of thy heart?

When thy heart began to beat,

What dread hand forged thy dread feet?


What the hammer? What the chain?

In what furnace was thy brain?

What the anvil? What dread grasp

Dared its deadly terrors clasp?


When the stars threw down their spears

And watered heaven with their tears,

Did He smile his work to see?

Did He who made the lamb make thee?


Tiger, tiger, burning bright,

In the forest of the night,

What immortal hand or eye

Dare frame thy fearful symmetry?