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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

FERIADO


Domingo o
Por do Sol..
coincidindo com a
chegada daquela 
longa Viagem !!!
Segunda- Feira...  
tudo de novo !!!
Mas naquela semana
teria o concurso...
Grande chance de 
escrever algo diferente...
de uma forma interessante...


quinta-feira, 28 de outubro de 2010

OSCAR WILDE


Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso. 
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril. 

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

OS LOBOS DENTRO DE NÓS - KELLEN ALVES

 
 

OS LOBOS DENTRO DE NÓS

Uma noite, um velho índio falou ao seu neto sobre o combate que acontece dentro das pessoas. Disse-lhe:
- A batalha é entre os dois lobos que vivem dentro de todos nós.

Um é Mau
é a raiva, inveja, ciúme, tristeza, desgosto, cobiça, arrogância, pena de si mesmo, culpa, ressentimento, inferioridade, orgulho falso, superioridade e ego.

O outro é Bom
é alegria, fraternidade, paz, esperança, serenidade, humildade, bondade, benevolência, empatia, generosidade, verdade, compaixão e fé.
O neto pensou nessa luta e perguntou ao avô: - "Qual é o lobo que vence? "

O velho índio respondeu: - 
"Aquele que você alimenta!"

terça-feira, 26 de outubro de 2010

RUBEM GRILO EM SP


Sábado !!!
Oportunidade de apreciar as Artes !!!
Ocasião para conhecer pessoas interessantes !!!
Sempre são momentos Inesquecíveis !!!
Flávio-Shiró Tanaka !!!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

UMBERTO ECO- SOBRE OS INSULARES (2/5)


Numa ilha buscam o paraíso perdido (sem encontra-lo ) os amotinados do Bounty, numa ilha vive o capitão Nemo de Verne, numa ilha jazem tanto o tesouro de Stevenson quanto o do Conde de Monte Cristo, e assim por diante, até chegarmos as ilhas das utopias negativas, desde os monstros do Doutor Moreau ate a ilha do Doutor No, a qual aporta James Bond.
Por que o fascínio das insulas ? Não tanto porque são um lugar como diz a própria palavra, é isolado do resto do mundo. Lugares separados do convívio civil foram encontrados em intermináveis terras firmes por Marco Pólo ou Giovanni Pian Del Carpine. É porque, antes do século XVIII, quando foi possível determinar as longitudes, podia-se achar uma ilha por acaso e, a semelhança de Ulisses, ate fugir dela, mas não havia como reencontra-la. Desde os tempos de São Brandano ( e até Gozzano), uma ilha sempre foi uma Insula Perdita.

domingo, 24 de outubro de 2010

ALBERTO PUCHEU ( PARTE 2/2)

São corpos... São corpos que, em algum momento, 
esquecidos, anônimos, sobem e descem uma rua, 
nada mais. Subindo ou descendo uma rua, 
atestamos então este hiato de desconhecimento 
entre o corpo abandonado e as diversas vidas 
que o tentam colonizar, entre a vida nua 
e as vestimentas vivas que a recobrem, 
entre a vida crua e o que dela pode ser cozido, 
entre a vida aberta e a vida vivida. Atestamos 
a fenda deste hiato, uns emigrantes da distância 
neste hiato de que não podemos nos afastar, 
uns estrangeiros, uns viajantes, uns forasteiros, 
uns gringos, uns bárbaros neste espaço 
que se serve das palavras para falar 
em uma língua estrangeira, uns índios 
neste espaço, nesta picada, nesta clareira, 
uns berberes e o vão do deserto esgarçando 
os berberes, uns esquimós e o vazio da neve 
ampliando os esquimós, uns pescadores 
dispersos pela luz, tragados por este espaço 
diluído entre a areia e os sóis dos Lençóis, 
o espaço em que o explosivo queima 
entre a genitália e a cueca do nigeriano 
no avião. Atestamos este espaço das palavras 
que se servem das palavras para falar. 
Apátridas, não temos por pátria a língua portuguesa 
nem outra nos seria natural. Nascemos 
sem língua, abertos a qualquer jargão 
que em nós quisesse se desdobrar, nascemos 
sem povo, abertos a qualquer bando 
que em nós quisesse se desdobrar, 
nascemos sem lei, uns bandidos, uns canhotos, 
uns lobisomens, uns burros, uns jumentos, 
umas vacas, umas piranhas, uns veados, 
umas éguas, umas antas, uns porcos, 
umas mulas, umas bestas, umas baleias, 
umas cachorras, uns tubarões, uns animais, 
uns bichos, umas bichas, umas feras, 
uns selvagens, uns fora-da-lei 
abandonados a qualquer lei 
que nos pudesse governar, abandonados 
a qualquer lei que tivéssemos de desregrar. 
Sobreviventes, descendemos de uma classe 
de épocas perigosas praticamente esquecidas, 
exilada da cidade dentro da cidade, 
e, mesmo que ser, estar, saudade, cidade, 
floresta, rio, mar, sertão, natureza 
e outras palavras nos digam intimamente respeito, 
navegamos, apátridas, a abertura, o sem, 
o não, o nem, o a- que não nos largam. 
Por mais que não queiram, trazemos conosco 
os espaços vazios a distorcerem as possibilidades 
que cotidianamente se oferecem 
do que nós somos, do que é a água 
do rio, do mar, da cidade, do país, 
do mundo, e, por mais que não queiram, 
nossa saliva é o suor das palavras não-ditas, 
e, por mais que não queiram, 
misturamos o separado, trazemos conosco 
a cidade e a natureza ferina, a poesia 
do dedo que falta na mão do presidente.

sábado, 23 de outubro de 2010

ALBERTO PUCHEU ( PARTE 1/2)

POEMA PARA SER LIDO 
PELO PRESIDENTE !!!


Ando pela calçada da rua em que moro, 
em direção à Cobal, por exemplo, 
onde diariamente compro alguma coisa 
apenas para descansar um pouco do trabalho 
cotidiano que faço em casa, e, 
ao passar por uma pessoa, sou para ela 
o que ela é para mim: alguém 
que sobe ou desce uma rua, nada mais. 
Talvez, neste momento, eu seja 
também para mim e ela também para ela 
o que somos um para o outro: alguém 
que se esquece de onde está vindo 
e aonde está indo, de seu nome, de seu trabalho, 
alguém que sobe ou desce uma rua, nada mais. 
Ou algo mais, ou menos, não sei, que vai 
comendo o nome, o trabalho, o parentesco, 
as demandas que recaem sobre nós, 
largando-os pouco a pouco pelas latas de lixo 
penduradas nos postes, deixando-os cair 
ao meio-fio, por entre as rodas dos carros, 
cumprindo o destino comum de todos dejetos. 
Andando pelas calçadas, subindo-as 
ou descendo-as, indo ou voltando não importa 
para onde ou de onde, enquanto andamos, 
desta vez não temos um encontro marcado 
com nós mesmos. Mais persistentes 
ou mais ausentes, mais barulhentas ou silenciosas, 
diversas vidas vêm e vão em um só corpo, 
aparecendo sempre alguma quando alguma 
é requisitada. Mas há momentos em que, 
entre a casa e os ofícios da cidade, entre 
qualquer compra, por exemplo, na Cobal, 
e o uso da compra ao chegar em casa, 
antes de qualquer contrato, de qualquer direito, 
de qualquer convenção, do livre arbítrio, 
do estado civil, antes do tamanho dos ossos, 
do formato da orelha, das impressões digitais 
dos dedos, das extensões do rosto, da fotografia 
em 3X4 ou em 5X7, das fotografias de frente 
e de perfil, antes das imagens exclusivas da íris 
e das retinas e dos escaneadores 3D, 
das câmeras que nos gravam nos bancos 
ou pelas ruas, antes dos DNAs guardados 
em algum arquivo nacional, antes da beleza 
e da feiúra, do código de barras na nuca 
– com o qual sonhei ontem – disponibilizando 
os corpos a uma máquina que teimasse 
em reconhecê-los por um número qualquer 
pelo qual jamais nos reconheceríamos, 
antes desses e milhares de outros modos 
de sermos apreendidos, os ócios vazios 
de um corpo abandonado (uma vida nua 
ou um posto de pura distração 
em que os viventes se fazem esquecidos, 
ou quase isto) sobem e descem uma rua, 
nada mais. São corpos matáveis, como 
ao fim de uma partida de futebol, 
como durante um assalto, como na fila 
de um hospital, como por bala perdida 
ou certeira da polícia e dos traficantes, 
como por acidentes, pelas drogas, pela fome... 
São corpos gloriosos, como durante 
uma partida de futebol, como durante 
uma semana de carnaval, como em um show 
de rock, em uma mesa de bar com amigos, 
em um mergulho diurno ou noturno no mar, 
como quando fazem amor ou quando, 
mesmo sem o fazerem, se amam 
ao longo da vida ou por apenas 
alguns instantes. São corpos dúbios, 
quando dançam o funk sob a mira 
dos AR-15, quando fogem dos tiros 
saltando atleticamente por telhados, 
caixas d’água, correndo por becos, 
quando se explodem na terra ou no ar 
contra o concreto de um edifício 
ou quando se jogam das alturas 
do mesmo edifício. São corpos funcionais, 
como nas caixas lotadas dos supermercados, 
dentro das britadeiras fritados sobre o asfalto 
do sol, dentro da cozinha da minha casa, 
ao meu ouvido, na central de telemarketing.