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domingo, 25 de outubro de 2009

ANA MARTINS


Ciclos



O tempo parou,
mas as horas insistiam em passar por ela.


A avenida estava interditada.
A solução era tomar o caminho mais longo para seu destino.
As luzes da cidade estavam todas apagadas.
Durante o dia, distraía-se com o vai-e-vem das pessoas.
De noite, encontrava-se com sua própria escuridão.


Em casa, não havia folhas de papel para escrever sobre seus dias.
Eles se tornaram vazios.
Descobriu-se atada na teia de seus pensamentos.
Tornou-se emaranhada por eles e a estagnação fez-se-lhe companhia.
Seus movimentos corporais cessaram-se
na impossibilidade de suas ações.
A força de suas emoções cresceu;
a invalidez dos seus desejos causaram-lhe dor.


Procurou gritar, mas sua voz calou-se
diante da ensurdecedora voz do seu coração.
Pôs-se a chorar. As lágrimas percorreram sua face,
e como soro, serviram-lhe de alimento.
Quando já havia se acostumado a elas, cessaram-se.
Esgotaram-se.


Nada a alimentava mais.
Então encontrou-se com a morte.


O medo pavorante de perder a vida, despertou-a novamente.
E o tempo voltou a andar.
As horas marcaram novamente seus passos.
A avenida desinterditou.
As luzes voltaram a se acender.
Comprou novas folhas de papel e reescreveu seus dias.
As teias foram retiradas de seus pensamentos.
Movimentos corporais reaqueceram-lhe o coração.
As emoções fluiram como novas e sua voz fez-se mansa.
A paz retornou a seu coração
e a própria vida reinventou-se.

FUNDAMENTAL A VISITA AO BLOG DESSA EXTRAORDINÁRIA BLOGUEIRA.

5 comentários:

  1. É assim Mário... quantas vezes, me tenho sentido a perder todas as forças e de repente uma energia me percorre e me desperta dessa letargia, onde me tinha afundado...
    Bjs,
    Marisa

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  2. Marisa,
    Talvez as amizades existam para lembrarmos que não estamos assim tão sózinhos no mundo...
    Acho que todos passamos por momentos assim...
    bj

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  3. Oi Marco!

    Fico felicíssima por encontrar aqui um texto meu, com tantos elogios, e sem saber se sou merecedora deles... obrigada, amei de coração!
    Às vezes escrevo de madrugada... na solidão, as idéias me assaltam. Levam minha calma, me perturbam e não sossegam enquanto não as transformo em palavras... algumas vem de dentro de mim, outras, do que vejo ao redor, mas todas nascem de um turbilhão... aquele, que chega com as minhas emoções.
    Obrigada, obrigada, obrigada, obrigada, obrigada, obrigada, obrigada, obrigada e obrigada. :)))

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  4. Ana,
    A felicidade é nossa....
    Todo dia deveriamos criar coisas boas...
    as vezes não conseguimos, mas vale o esforço...
    Felizmente você consegue !!!!!
    bj grande e
    de nada, de nada, de nada, ou melhor,
    de tudo, de tudo, de tudo, ou melhor,
    dê tudo, dê tudo, dê tudo do melhor...
    bj e até manhã....

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