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quinta-feira, 10 de junho de 2010

PROMONTÓRIO - PROMONTORY

PROMONTÓRIO

Sempre busquei a profusão das chuvas

e celebrei o excesso.



A porta que se abre à claridade do relâmpago
divide o dia em partes desiguais.
Mas entre a luz e a sombra há um espacço
onde o sonho e a vida acordada se juntam como dois corpos
separados das almas desunidas.
É a este lugar que retorno
quando a chuva cai em Maceió e derruba as folhas
dos cajueiros floridos.
Os goiamuns inquietos percebem nas locas a alteração do mundo
que oscila entre a lama e as raízes dos mangues
como duas cores do arco-íris.

Berço de tanajuras, patria ameaçada pelo trovão,
dunas sonâmbulas que só caminham à noite,
mar que umedece os lábios rachados da areia,
vento que dilacera o promontório,
longe de vós serei um exilado.




PROMONTORY

I always sought the profusion of the rains

and celebrated excess.



The door that opens on the clarity of lightning

divides the day into unequal parts.
But between the light and shadow there is a space
where dream and waking life join like two bodies
separated from their severed souls.
It is to this place that I return
when the rain falls in Maceió, dislodging the leaves
of the blossoming cashew trees.
The restless crabs notice in their tiny dens the changing of the world
that wavers between mud and mango roots
like two colors in a rainbow.

Cradle of tanajura ants, land threatened by thunder,
sleep-walking dunes that only walk at night,
sea that moistens the cracked lips of the sand,
wind that tears at the promontory,
far from you I’ll be in banishment.

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