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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

GUILHERME DE ALMEIDA (1890-1969)





ESSA QUE EU HEI DE AMAR


Essa que eu hei de amar perdidamente um dia...
será tão loura e clara e vagarosa e bela,
que eu pensarei que é sol que vem pela janela
trazer luz e calor a esta alma escura e fria.


E, quando ela passar, tudo o que eu não sentia
da vida há de acordar no coração que vela.
E ela ira como o sol, e eu irei atrás dela
como sombra feliz... - Tudo isso eu me dizia,


Quando alguém me chamou. Olhei um vulto louro
e claro e vagaroso e belo, na luz do ouro
do poente me dizia adeus como um sol triste.


E falou-me de longe:- "Eu passei a teu lado,
mas ia tão perdido em teu sonho dourado,
meu pobre sonhador, que nem sequer me viste! "

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