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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Rafaela Cristina Pereira - 14 anos



VIVENDO INTENSAMENTE

-Venha almoçar- chama novamente minha mãe. - Só vou ler mais um capítulo e já estou indo -respondo. - É a terceira vez que você diz isso...- Diz sem paciência. - Agora é sério, juro! Minha vida se baseia nessa falsa promessa:" Só mais um capítulo". O que posso fazer? Uso meus livros como transporte para fugir dessa tediosa realidade. Me perco e me encontro entre palavras. Passados mais 15 minutos, finalmente me dirijo para a cozinha. Minha mãe percebe a minha chegada e lança um breve olhar para o livro em minhas mãos. - Você ficará maluca desse jeito. Logo seus cabelos estarão iguais ao do Albert Einstein. Ela sempre faz esse comentário. Dou um pequeno sorriso e tento comer o mais rápido que consigo. Eu sei que ninguém consegue entender essa minha sede por livros. Eu não apenas os leio, eu os sinto. A cada palavra é como se ele se tornasse meu melhor amigo, e aos poucos vai me abraçando, até chegar o momento em que estou tão envolvida nesse abraço que não posso mais sair. Fico me perguntando como é a vida de um indivíduo que despreza a leitura. Como será que ele vê o mundo? Muitos destes abandonam os livros físicos por conta da tecnologia, mas muitas vezes também abandonam os livros digitais. Não gosto de imaginar esse mundo vazio. Eu costumo pensar que os escritores são os anjos dessa sociedade perdida. Eles romantizam nossas vidas. André Maurois dizia:" A leitura de um bom livro é um diálogo incessante: o livro fala e a alma responde. Guardo isso comigo. Não há indivíduo que não goste de ler, ele apenas não encontrou seu livro. Ninguém nasce gostando de ler, a paixão pela leitura surge de uma forma lenta e inocente. Neste processo ocorre o encontro do que está dentro do livro com o que está na nossa cabeça. É o momento em que as engrenagens da imaginação começam a funcionar. Uma pessoa que lê é crítica, rebelde, inquieta, pouco manipulável e não acredita em lemas que alguns fazem passar por idéias. A vida de um leitor é bela, repleta de detalhes, e destes detalhes surgem as ideias que podem transformar um leitor em escritor. E este, vive mil vidas antes de morrer. Ao contrário dos demais, não abrimos guardas-chuvas, sentimos a chuva, dançamos e cantamos. Temos nossas mentes abertas e vivemos intensamente. Fugimos do sistema da sociedade. O livro é nosso corpo; a leitura, o nosso espírito. Agora lhe pergunto: Ler ou não ler? Viver intensamente ou apenas ver a vida passar? Abrir portas e janelas ou deixa-las fechadas? Ser livre ou andar em meio a multidão ? Talvez a chave para as respostas esteja ali, na sua estante, na sua escola ou até mesmo no seu trabalho, apenas esperando ser encontrada. E se tem algo que posso lhe garantir é que uma vez encontrada você nunca mais andará sozinho. "Meu sonho é que a leitura seja como um vírus: contagioso."

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