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sexta-feira, 3 de julho de 2020

PALAVRAS A UM CEGO






PALAVRAS A UM CEGO

Meus amigos, abençoe-nos Jesus!
Somos velhos companheiros de jornadas espirituais, assumimos compromissos que o presente nos impõe ressarcir.
Viandantes dos longos caminhos, retornamos para experiências de sublimação, vitimados pela incúria.
Assinalados pelo desequilíbrio, embarcamos no escafandro carnal para o mergulho na psicosfera terrena, onde encontramos o solo abençoado para a sementeira do futuro.
Um dia, ouvimos a palavra dos profetas ensinando-nos o Reino de Deus e, não obstante, descemos da montanha da meditação para os vales do desequilíbrio, matando e vingando os nossos sonhos destruídos, como abutres sobre os cadáveres das gerações fanadas.
Escutamos a palavra dos filósofos e enriquecemos a nossa vida de sabedoria, mas não mudamos o nosso conceito de vivência moral. 
Apesar de nos considerarmos estoicos e éticos, assassinamos, mancomunados com o poder do totalitarismo arbitrário.
Por fim, escutamos Jesus.
A palavra do Benfeitor da Humanidade, no Sermão da Montanha, falou-nos das Bem-aventuranças, mas não mudou a estrutura do nosso comportamento e, em dezenove séculos de Cristianismo, temos pregado a paz, montados sobre bombas; falamos de amor, disseminando ódio; ensinamos tolerância sob o guante da perseguição; programamos a renovação da Terra sob os estigmas de nossas paixões.
Até quando, amigos e irmãos, buscaremos a verdade, pontificando na treva; até quando lutaremos pelo bem, fomentando o desequilíbrio?
É natural que a nossa colheita seja de espinhos, de pedregulhos, e os espículos do sofrimento, cravados nas carnes de nossa alma, apontem-nos uma Estrela Polar, que é nosso Senhor Jesus Cristo.
Cumpre-nos hoje voltar para Deus, sem exterioridades, sem a preocupação atormentante da busca dos fatos e da visão exterior.
Se fôssemos acreditar somente no que vemos e no que apalpamos, a nada, a quase nada ficaria reduzida a nossa crença.
A maioria dos fatos e quanto acreditamos transcorre no campo da energia e nem sempre podemos perceber, senão por deduções matemáticas ou por conceitos transcendentais.
Amemos!
Se não vos for possível acreditar na sobrevivência da alma, amai o companheiro do vosso caminho; se tendes dúvidas quanto à continuação da Vida, utilizai-vos, corretamente, da vossa vida corporal e realizai o bem.
E tu, filho querido, que no silêncio da meditação pela cegueira física pedes-me que te diga uma palavra! Pois eu darei, dizendo que são bem-aventurados os que caminham na estrada solitária, momentaneamente em sombras, sem deblaterar, porque eles terão o Céu do mundo interior salpicado de astros refulgentes.
Preserva o teu bom ânimo!

A cegueira nem sempre é uma dura prova. Antes, é uma bênção quando a aceitamos.
Considera aqueles que veem e que conduzem os pés para a criminalidade.
Medita em torno daqueloutros que têm a visão externa, e, por dentro, estão pejados de ódio, bracejando com sombra e com amargura.
Reflexiona em torno da oportunidade que Deus te deu, a fim de fazeres a viagem para dentro de ti mesmo.
Antes, quando podias ver o mundo de fora, conquistavas o exterior.
De alma vazia, sentias-te insatisfeito e amargo.
Hoje, que perdeste o contato dos contornos pela visão deficitária, que se apagou, podes ver o mundo de bênçãos que está dentro de ti como uma verdadeira Via Láctea, apresentando-te paz.
O importante, filho, não é o que vemos, e sim o que somos.
Mais valioso do que ver é ser pacífico e propiciar-se, interiormente, a alegria de viver.
Vive, pois, e ama.
Ensina com o teu exemplo a grandeza desta fé inominada.
Leva, àqueles que ainda enxergam e tropeçam, a sabedoria da tua experiência, porque dia virá, quando o corpo estiver alquebrado, em que se rasgará para ti uma madrugada de bênçãos, na qual te sentirás pleno e feliz.
Eu suplico ao Pai que te abençoe, cumulando-te de graça e de harmonia.
A vós outros, que me concedeis a honra imerecida deste momento, eu peço a Jesus que nos abençoe, fazendo que a Sua paz, que não tem atavios, permaneça dentro de nós, dulcificando-nos.
Deus nos abençoe, meus amigos, e nos pacifique!
Com todo o carinho, o amigo paternal de sempre,
Bezerra

Mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco, ao terminar uma entrevista com o público no auditório do Cine Marrocos, para a Rádio Gaúcha, dia 27 de abril de 1982, em Porto Alegre, RS, sob comando do jornalista Dr. Mendes Ribeiro, que se encontrava no auditório. Foi publicada pela primeira vez na Revista Presença Espírita do mês de setembro de 1982, na seção Mensagem do mês. A Revista Presença Espírita mantém esta seção até hoje, adaptada à sua periodicidade, por isso atualmente é intitulada Mensagem do Bimestre, sempre com autoria espiritual e geralmente inédita.



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