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quarta-feira, 15 de março de 2017

Pedro Mastrobuono III


TERCEIRA PERGUNTA para Pedro Mastrobuono:
-Você foi amigo de Antonio Henrique Amaral, não obstante a diferença de idade. O que pode nos dizer sobre ele, além do reconhecido domínio técnico como pintor ?
RESPOSTA: Antonio Henrique Amaral foi meu amigo, uma de minhas maiores referências nas artes. Gostava de mim e eu dele. Além disso, sempre tive admiração por sua coragem na luta contra a ditadura. Homem sempre engajado, preocupado de modo sincero, com nosso futuro. Esteve comigo, sem pestanejar, no MuBE, ao lado de Roberto Dias, Professor da PUC/SP e da FGV; também da então Vice-Presidente da OAB/SP, Professora Ivette Senise Ferreira; de Luiz Pérrissé Duarte Junior, Vice-Presidente da AASP; e de Rosana Chiavassa. Aliás, esteve comigo inclusive no programa da Rosana, de grande repercussão no cenário cultural, onde todos juntos criticávamos o polêmico Decreto Presidencial 8.124 de Outubro de 2013. Sabia que eu encabeçava tal resistência, recebendo a animosidade por parte de integrantes da época do IBRAM e também do próprio MinC. Não titubeava. 
Enquanto artista,conseguiu algo raro, que jamais voltei a ver. Conseguiu unir o discurso de uma obra engajada com um profundo talento e sensibilidade. O convívio com seus quadros sempre foi gratificante para mim e, ainda, para meus filhos também, que crescem os admirando e, assim, conhecendo como nós podemos sim exercer nossa cidadania naquilo que fazemos cotidianamente.
Quando faleceu, a FOLHA publicou o texto que enviei ao jornal, do qual destaco o seguinte trecho: 
“Bananas como símbolo
Perdi um amigo, Antonio Henrique Amaral. O Brasil perdeu um homem corajoso, que nos anos 1960 e 1970, no auge dos problemas que todos vivemos, teve a ousadia de representar a brasilidade com a banana como símbolo, sendo amarrada, perfurada, subjugada. Sua obra artística é da maior relevância histórica. Um atualíssimo chamado à reflexão, quando alguns cometem a insensatez de clamar por imediata intervenção militar, em total desapego com nossas conquistas democráticas.
Pedro Mastrobuono, diretor jurídico do Instituto Volpi
(São Paulo, SP)”
Saudades amigo.

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