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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

LÚCIO CARDOSO



AS CARTAS (3/4)

Há cartas vermelhas que arden nos dedos,

beijos, soluços que a paixão modelou.

( Lembra-se ? Corpos de sal que a lembrança marinha

gravou no álbum de férias sempre alheias …. )

E há as de adeus, as frias e mutiladas,

as que se lêem depressa nas estações,

as que se rememoram à névoa das madrugadas,

as que são finas e doem a vida inteira,

as que são pardas e falam com lábios molhados,

as que um dia são descobertas de repente,

amarelas, murchas da palavra não compreendida.

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