Sobre o livro:
ORELHA de CAROLA SAAVEDRA:
Interior de Minas Gerais.
A região tem o seu próprio tempo.
Rílare é a personagem-narradora que alinhava o livro, por ela passam as histórias, a vida e as paisagens.
Filha de empregada doméstica, só vai saber a identidade do pai já adulta: um engenheiro alemão que trabalhou na mineradora local, seu nascimento, fruto de um namoro fortuito. A ausência do pai. Rílare, filha de mãe negra e pai branco, mestiça de raças, culturas e classes sociais, vive entre os mundos. Apadrinhada pela família para a qual a mãe trabalha, pôde frequentar um bom colégio, e depois, ingressar na faculdade de letras. Apesar disso trabalha como faxineira. A mãe a critica, poderia conseguir um emprego melhor, mas algo a mantém presa ao outro lado, algo que faz parte dela, da sua identidade. Faxineira e estudante de letras, Rílare ordena a casa onde trabalha, assim como as histórias que escreve. E ela escreve a história de Otávio.
Otávio é um engenheiro que, após uma temporada em Londres, aceita um cargo no interior de Minas Gerais. E a mudança não é apenas geográfica. Inicia-se para Otávio uma viagem ao passado, à infância, uma viagem interior, nela ressurgem antigos traumas, impossibilidades. E ali, nessa nova/antiga vida, ele se dividirá entre algumas mulheres, entre elas, as irmãs Clara e Silvia. Até que em algum ponto as histórias de Otávio e Rílare se cruzam, se encontram e se modificam.
“Avião de papel” é a bela estreia de Beatriz Castanheira no romance. A autora tem domínio não somente da técnica, mas também do tempo da narrativa. Como num sonho, ou numa insônia, tudo ali se move em ritmo de sombras, em tom onírico. Porém, o mais importante de tudo, Beatriz Castanheira tem voz própria, e coragem para desenvolvê-la sem concessões. Com este romance ela dá o primeiro grande passo na ambígua e misteriosa trajetória que é a literatura.
Sobre a autora:
Beatriz Castanheira nasceu em Conselheiro Lafaiete (Minas Gerais) e formou-se em Comunicação pela PUC-Minas. Trabalha e vive no Rio de Janeiro, onde cursou especialização em Literatura, Arte e Pensamento Contemporâneo e é mestranda em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio.
Tem contos publicados nas antologias “A polêmica vida do amor” e “Sábado na Estação”; no jornal literário Rascunho, e no Suplemento Literário de Minas Gerais. Ganhou o 2º lugar no 3º Prêmio Paulo Britto (categoria prosa).
Nenhum comentário:
Postar um comentário