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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

EUGÉNIO DE ANDRADE




RUMOR

Acorda-me
um rumor de ave.
Talvez seja a tarde 
a querer voar.

A levantar do chão
qualquer coisa que vive,
e é como um perdão
que não tive.

Talvez nada.
Ou só um olhar
que na tarde fechada
é ave.

Mas não pode voar.

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