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quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

INNOCÊNCIO VIÉGAS



Papai Noel, Gepeto e Steve Jobs

De uns tempos pra cá, Papai Noel vem sentindo dificuldade para cumprir a sua eterna missão de levar a alegria às crianças com seus presentes, e a todas as pessoas que nesse período natalino abrem o coração, alegram a alma, abraçam todos os amigos e, transformam a vida na alegria que deveriam ter o ano todo.
Os pedidos se modificaram. As cartas para a Lapônia agora são Email e só as crianças mais humildes pedem bolas, bonecas, bicicletas, piões e tudo aquilo que antigamente alegrava a meninada.
As crianças mais abastadas pedem brinquedos para ficarem sentadas, não falam umas com as outras e as conversas pelo celular, mesmo sendo alegres, não lhes proporcionam uma boa gargalhada, a que é retratada na telinha com as letras kkk ou HeHeHe.
Enquanto as “antigas” crianças jogam bolas, penteiam e vestem suas bonecas, rodam seus piões, disparam a teia do Homem Aranha; outras olham desenhos, jogam consigo mesmas e às vezes perdem, e ficam brabas. Quando conversam pelo Whats App continuam ouvindo a voz da gravação sem a presença física do colega, sem a oportunidade de abraçá-lo carinhosamente.
Dia desses eu estava no Shopping, abancado em uma gostosa poltrona, lendo um livro – O poder do jardim – enquanto a Bel ia às compras. Nisso chega uma jovem senhora, elegante, com três filhos. Uma menina e dois meninos que aparentavam ter entre oito e dez anos. Os deixou ali – frente à Loja – passou pelo Papai Noel que estava na porta, deu-lhe um sorriso e sumiu no mundo das roupas, calçados, perfumes e brinquedos. 
Logo imaginei que as crianças ficariam alegres com o Papai Noel, que brincariam e dariam muitas risadas. Qual nada! Cada um ocupou uma poltrona, dirigiu o olhar para o seu celular e o mundo silenciou.
Parei a leitura e fiquei a observá-los. Depois de um bom tempo, deixei cair a caneta, o que chamou a atenção de um deles que veio correndo em meu socorro, ajuntou a caneta – cordialmente – e deu-me um sorriso. Agradeci. Ele ia saindo quando lhe perguntei.
– Vô, a gente conversa pelo celular, quer olhar? Encostou o dedinho na tela e apareceu a mensagem, com umas letrinhas que tive dificuldade em ler. O menino leu para mim: “Mana, o teu namorado lá da escola estava conversando com a Carlinha e deu um beijo nela”. Logo perguntei o que a “Mana” respondeu. Ele tocou outra vez na tela, correu o dedinho para cima e apareceu a resposta: “Tô nem aí” kkk.
– Viu vô? Ela fez foi rir. Disse isso, saiu e foi para a sua poltrona. A Bel chegou. Saímos para outras compras. Fui pensando com os meus botões. Papai Noel a essas alturas já aposentou o idoso Gepeto com seus brinquedos de madeira.
Devolveu para o circo os brinquedos do saudoso palhaço e convocou o Steve Jobs para fazer os brinquedos eletrônicos da moda para a garotada. Sinal dos tempos? Não! É o tempo com “sinal” da Internet.
Papai Noel já mandou enfeitar o seu trenó com lâmpadas de Led, trocou as renas por um foguete espacial e não sorri como antigamente quando soltava o seu gostoso Hô!Hô!Hô! Ele agora escreve nas nuvens: KKK e HeHeHe.
Mas o menino Jesus, o aniversariante perdoa todos pois Ele sabe que “onde a caridade é verdadeira Deus está alí” Agradece aos que se lembram d’Ele e, não tendo um Tablet, pede emprestado as Tábuas de Moisés, e escreve com o dedo a Sua mensagem secular.

Feliz Natal!
Feliz Natal! 

Feliz Natal!

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