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quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

GONÇALO IVO 3/6


- Com que artistas da tradição moderna e do presente você estabelece diálogos relevantes em sua arte? Em que sentido?
GONÇALO - Roberto Pontual, em um belíssimo texto de 1989 a respeito do meu trabalho, declarava que via em mim um artista que tinha fome de fontes. Vários artistas me marcaram. Modernos, antigos e contemporâneos. Ainda me sinto apto a grandes descobertas. Há um ano travei contato com a obra de Sheila Hicks, artista americana que faz tapeçarias.  Meu trabalho dialoga  com um grande espectro  de influências e marcas . Às vezes são marcas evidentes, outras, subliminares. Você pode olhar Cézanne, Braque, Klee, Volpi, Mondrian e muitos outros em minha pintura. Todas estas escolhas são afetivas. Ao mesmo tempo não faço distinções de valor entre um Cézanne,  Ticiano com um tecido africano. Cada um tem seu lugar.
- Diferentemente de muitos artistas de sua geração, você se manteve fiel à pintura e ficou imune à influência da arte conceitual. Que análise você faz do impacto do conceitualismo na arte contemporânea brasileira nas últimas décadas?
GONÇALO - Minha resposta pode surpreender a você e a vários leitores. Minha produção pictórica não ficou completamente imune à arte conceitual. Há vários artistas que me interessam profundamente. Simplesmente eles não aparecem de forma evidente em meu trabalho. Como todos sabem a arte conceitual tem sua origem na pintura. Simplesmente não abdiquei de pintar. Costumo dizer que sou um animal pictórico. Artistas como Beuys, Duchamp, Kounellis, Cildo Meireles, Tunga etc, me interessam. Dialogo com eles num plano poético. Em 1987 produzi uma série de pinturas em homenagem ao artista alemão Joseph Beuys. Não estou imune a nada. Acredito na evidencia da diversidade da criação artística. No meu caso tenho a impressão que sou uma exceção. As manifestações artísticas externas ao meu repertório nunca me anularam ou me impuseram dilemas. Há má  e boa arte conceitual. O mesmo para pintura, gravura, escultura, etc. Aprecio profundamente o trabalho de land  art  de Robert Smithson e a escultura de Richard Serra.

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