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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

MANOEL BANDEIRA (1886-1968) !!!




VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do rei -
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada. 

Um comentário:

  1. Olá Marco, já faz tempão que passo por aqui e não deixo-te recado.
    Mas agora não resisti: pois que tbm me apetece "ir para Pasárgada, onde o rei seja meu amigo, e lá tenha eu o que bem quiser :)
    Tbm já estou farta de aqui estar, deixa-me viajar na garupa e seguir até essa terra maravilhosa, onde, qdo eu me deitar cansada, venha a mãe-d'água me contar histórias...

    Abção

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